Qual é a finalidade?
Qual é a finalidade? Achei um bom ponto para começar… Uma pergunta… Uma questão… Talvez a maior delas todas.
Afinal, qual é a finalidade? Alguém sabe? Alguém já ponderou sobre a questão durante tempo o suficiente para arriscar uma resposta?
Hum… Talvez não… talvez todos ponderemos nisso apenas quando a vida não corre como queremos ou quando desejamos algo que não está ao nosso alcance imediato. Sendo assim…
Qual é a finalidade? Porque é que me levanto? Porque como? Porque falo? Porque rio? Porque beijo?... Porque tudo isto acontece?! Porque é que tudo isto me completa e me isola ao mesmo tempo?!
Serei diferente ou toda a gente pensa o mesmo?
Não sonho com muito dinheiro ou com um grande emprego, não quero rios de dinheiro ou que todos se cheguem a mim.
Qual é a finalidade?
Gosto de sair, gosto de ficar em casa. Gosto de falar, gosto de observar. Gosto de beijar, gosto de ficar sozinho. Adoro aquele brilho nos olhos de alguém que fiz feliz… Mas será que alguém sente isso em relação a mim?
Sou altruísta e egoísta. Sou o irmão preocupado e aquele que não quer saber de nada. Sou o filho irado e o predilecto. Sou um sucesso e um falhado. Sou aquilo que posso ser, aquilo que quero ser, aquilo que me deixam ser. Fui moldado pelas mãos de um qualquer artesão ao longo dos anos. Criou o meu carácter, a minha personalidade. Tornou-me na pequena desilusão bem sucedida em que me tornei.
Hum… só agora me apercebi… Pareço uma canção mal escrita por uma qualquer Britney Spears. Daqui a pouco começo a fazer piruetas – ou a tentar – e a fazer caretas como se fosse sexy.
Porque é que eu não me conformo com uma vidinha simples e alegre a trabalhar num qualquer escritório, a fazer a mesma coisa todos os dias até ao fim da minha vida? Porque é que eu quero e desejo algo mais?
Penso muito, penso todos os dias. Penso no que sou e no que já fui, nas inúmeras palavras de afecto que já dediquei a quase todas as pessoas que cruzaram o meu caminho. Os pensamentos de ódio que alimentei e que prendi dentro de mim com medo do que poderia fazer com eles. Às vezes sinto que a minha vida é apenas uma sitcom, que alguém se entretém com aquilo que digo e faço.
Gosto de escrever, talvez seja um dos pequenos prazeres solitários que ainda me restam. Gosto da intimidade que travo com a folha branca e a forma como ela não me julga, como se limita a aceitar aquilo que digo e escrevo.
Gosto de não calar a minha voz interior com ela e a forma como dá corpo ao que penso e sinto. Podia escrever poemas, romances, prosas, músicas… Apenas escrevo. Não quero enfiar aquilo que escrevo em nenhuma categoria, apenas na categoria do meu íntimo e do meu ser. Quero que aquilo que escrevo reflicta aquilo que sou.
Mas afinal… Qual é a finalidade? Será que estar aqui a escrever apazigua o meu peito e revela os meus sentimentos a alguém que os entenda? Será que aquilo que escrevo é percebido por quem quer que seja que o lê e tira daí algo de bom?
Não sei! Não é essa a sua finalidade. Mentia se dissesse que é. A escrita é o meu exorcismo. A escrita é o meu refúgio. É onde me encolho assustado com lágrimas a descerem-me o rosto. É para onde corro após uma noite intensa de dois corpos suados ou após momentos de folia com os irmãos de sempre.
Qual é a finalidade? Eu digo qual é! A finalidade é a felicidade! O contentamento que sentimos ao fazer algo que amamos. Aquele sorriso que nos diz que estamos em casa ou aquela troca de olhares que antecede o beijo. A finalidade… A finalidade é minha. A finalidade não existe. A finalidade pertence a cada um de nós!
Já encontraste a tua hoje?