Monday, April 28, 2008

A vida passa...


O cérebro martela letras desconexas de uma música que já não faz sentido. Martela palavras e sons que não encaixam com a certeza de que essa batida já foi ouvida e não deixaria ferida se pudesse ser esquecida.

A mente é complexa e não aceita a nova realidade, o novo mundo que se desnuda à minha frente. A terra prometida não é nada do que li e ouvi da boca dos meus pais. Não passa de uma fábula para entreter os mais pequenos e calar os revoltados com a promessa de melhores dias, melhores horas, melhores vidas....

Oiço conselhos, escuto confusões, mas nada chega para apaziguar estas emoções. Olho, observo e luto... Afinal, foi por esta merda que eu deixei de ser puto?!

Pensei ser forte mas afinal não sou, ou talvez seja mais do que pensei... é um baile de sensações que não pode ser explicado, uma festa onde entrei sem ser convidado, é aquela ferida na boca que ficaria melhor se conseguíssemos resistir à tentação de lhe mexer.

É aquele rápido abrir de olhos depois de uma noite de sono, aquele momento que ficamos entre o sonho e a realidade, que pensamos que vai ser melhor e percebemos que afinal é mais do mesmo. É a vida levada, a vida oferecida, a vida escolhida para nós e da qual tentamos fugir a todo o custo. “Eu vou ser assim”, “eu quero fazer isto”... frases soltas e ambições fundadas apenas na certeza de que queremos mas não vamos poder.

Poder que nos escorrega por entre os dedos para criar raízes que não nos deixam mover, não podemos crescer... É esse o plano. Deixar-nos onde estamos, fazermos o que fazemos... E ver a vida a passar...